Vigília por Marielle Franco

Por Luísa Freitas,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem

 

Muitos/as não sabiam quem era Marielle Franco até ela ser assassinada. Muitos/as continuam a não saber. Muitos/as não percebem porque é que esta morte é mais impactante do que as dezenas (ou mais) assassinatos que acontecem todos os meses no Brasil.

 

Vigília por Marielle, 19 de Março

 

A morte de Marielle não é mais impactante porque a vida de Marielle era mais importante do que a de outras pessoas; a morte de Marielle é mais impactante pelo que significa.

Marielle foi criada numa favela como tantas outras pessoas no Brasil. Como tantas outras pessoas, começou, em criança, a trabalhar para contribuir para a família. Como tantas outras pessoas, criou uma filha sozinha. Como tantas outras pessoas, trabalhou recebendo o ordenado mínimo. Como tantas outras pessoas, era negra. Como tantas outras pessoas, era mulher. Como tantas outras pessoas, não era heterossexual.

Mas o assassinato de Marielle não é só o assassinato de uma mulher negra que nasceu numa favela e teve um início de vida difícil. O assassinato de Marielle é o assassinato de uma mulher negra que conseguiu ultrapassar os obstáculos que a vida da favela criam e tornou-se uma feroz defensora dos Direitos Humanos, com especial enfoque nos direitos das mulheres, dos direitos dos negros, dos direitos das pessoas das favelas, dos direitos das pessoas da comunidade LGBTI+.

Seguiu uma carreira política trazendo para a cima da mesa as questões que ninguém queria trazer ou discutir. Lutou e manifestou-se contra as injustiças sociais tanto enquanto vereadora do Rio de Janeiro como nas ruas.

O assassinato de Marielle Franco é, assim, o silenciar de uma poderosa voz de defesa de todos/as aqueles/as que sofrem discriminação, de todos/as aqueles/as subjugados pela sociedade brasileira, que sofrem de injustiças sociais. O assassinato de Marielle é uma ameaça a quem pretende seguir o seu caminho.

Assim, num movimento de solidariedade internacional, a ReAJ juntou-se no passado dia 19 de março na Praça Luiz de Camões, em Lisboa, a todos/as que quiseram mostrar que o espírito lutador de Marielle continua presente.

 

 

 

 

 

 

 


Vigília por Marielle, 19 de Março

 

A luta pelos Direitos Humanos não acaba silenciando uma voz. A luta pelos Direitos Humanos torna-se mais forte de cada vez que a tentam abalar.

A Amnistia Internacional luta pelos Direitos Humanos para todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo e defende todos/as que, independentemente de ameaças e dificuldades lutam pelo mesmo. Foi por isso que nos juntámos a esta vigília; para marcar presença e dizer: a luta vai continuar. Marielle vive. Marielle presente.

 

Chega de discursos de ódio.

É preciso coragem.

É preciso ser BRAVE.