Lembrar as Vítimas do Holocausto
Por Beatriz Mestre
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem
Hoje, dia 27 de janeiro, assinala-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, dedicado à lembrança de todos aqueles que morreram às mãos do ódio e do totalitarismo durante a Segunda Guerra Mundial.
Esta data é celebrada no dia do aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, pelo Exército Vermelho.[1] [2]
E, ainda que possa ser alegado que o mundo já superou os ideais que alicerçaram e possibilitaram a existência do Holocausto, a verdade é que o ódio está de volta e é preciso combatê-lo, nunca esquecendo as vidas que já foram por ele ceifadas ao longo da História.
Nos últimos anos, temos vindo a assistir a numerosas tentativas de manipulação daquilo que é a história do Holocausto e da memória de quem o viveu, de forma cada vez mais veemente e orgulhosa. O desprezo pela verdade histórica é gritante e reflete a passagem do tempo e as tentativas de distanciamento de um momento tão negro da História da Humanidade:
Durante décadas, o Holocausto tem sido distorcido de formas diversas, pelas mãos de grupos distintos que, evidentemente, também têm objetivos díspares, assentes em chavões comuns: apoiantes da ideologia que levou ao Holocausto (neonazis), negacionistas, defletores, silenciadores e outros grupos que pretendem trivializar e relativizar um dos momentos mais negros da História da Humanidade.[3]
A maioria (se não a totalidade) destes grupos age com base em princípios antissemitas, querendo também branquear o passado e fazer com que esta violência movida pelo ódio seja normalizada.
Mais do que nunca, é importante relembrar todos aqueles que morreram às mãos dos nazis, de entre eles mais de seis milhões de judeus: pessoas iguais a nós, com sonhos, ambições, com sangue a correr-lhes pelas veias, que foram classificados como “inimigos do regime” e encarcerados em campo de trabalho e extermínio, onde viriam a perder a vida nas mãos de um regime genocida.
O peso da História é enorme e faz parte da nossa responsabilidade cívica manter viva a memória de quem viu de perto os horrores do Holocausto.
No campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (também chamado de Auschwitz 1), observa-se numa parede a frase “Kto nie pamięta historii, skazany jest na jej ponowne przeżycie”, de George Santayana (em português, “aqueles que não conhecem a História estão condenados a repeti-la”), que lembra a todos os visitantes do campo de concentração e extermínio mais terrível do regime nazi a importância de conhecer os horrores da Segunda Guerra Mundial, para que nunca mais deixemos que o ódio, a violência e o dogmatismo ganhem terreno e tomem o poder.
No septuagésimo sétimo aniversário da libertação de Auschwitz pelos Aliados e consequente descoberta da “Solução Final” de Hitler para os judeus da Europa, é imprescindível educar e sensibilizar a população para aquilo que realmente foi o Holocausto: a perseguição de judeus, homossexuais, doentes, prisioneiros de guerra, opositores políticos e todos aqueles que o regime nazi considerava “inferiores”.
Neste aniversário da libertação de Auschwitz e Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, lembramos e homenageamos com pesar os incontáveis milhões de vítimas e as suas famílias, que testemunharam de perto os recantos mais obscuros da alma humana.
O silêncio não é uma opção.
Nunca foi, muito menos o é agora.
Em memória das cerca de 17.000.000 de vítimas do Holocausto.
[1] (Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, 2020)
[2] (Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto | Eurocid, sem data)
[3] (Gerstenfeld, 2007)