A escravatura não desapareceu
Por Ricardo Sá,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem
A escravatura não desapareceu. Passados 200 anos do fim do comércio transatlântico de escravos, e depois de ter sido legalmente proibida em todos os países do mundo, a escravatura ainda não desapareceu.
Um estudo recente pela Global Slavery Index, aponta que existam 40 milhões de pessoas a trabalhar sob formas modernas de escravatura, sendo 71% são mulheres e crianças.
Existem diferentes tipos de escravatura, entre os quais: o casamento forçado que atinge mais de 15 milhões de pessoas, na sua maioria mulheres e raparigas; e os trabalhos forçados, dos quis fazem parte 25 milhões de indivíduos que se encontram acorrentados a escravidão por dívida, trabalho doméstico forçado, exploração sexual, ou até escravatura imposta pelo estado.
Seja na indústria pesqueira, na indústria do vestuário, seja em redes de prostituição ou na área da agricultura, em minas ou na construção civil, a escravatura apresenta-se muitas vezes dissimulada por cadeias de fornecimento pouco transparentes. E nós, que consumimos os bens produzidos, sem o saber, podemos estar a utilizar produtos originados da escravatura, e deste modo, estarmos a promover a perpetuação desta prática terrível.
A guerra, a perseguição, o aumento das desigualdades a nível mundial e as consequentes migrações empurram cada vez mais pessoas para as mãos de traficantes, indivíduos e corporações que não se importam de os explorar e escravizar de forma a maximizar os lucros.
Temos de nos unir e chamar a atenção para este problema, tomando o exemplo de Nadia Murad, a mulher Yazidi que recebeu o prémio Nobel em 2018 pelos esforços para combater a escravatura sexual como arma de guerra.
Temos que dizer aos nossos governos que as formas contemporâneas de escravatura são crimes gravíssimos que não podem continuar a ser ignoradas e que têm de ser investigadas imediatamente. Temos que nos informar e falar.
Hoje, Dia Internacional pela Abolição da Escravatura, chamamos-te à ação: responsabiliza estados incumpridores e mostra que a denúncia é o primeiro passo para que se possa caminhar no sentido da justiça e do cumprimento dos Direitos Humanos, e não um crime.
Fontes:
https://www.cfr.org/interactives/modern-slavery/#!/section2/item-8, acedido em 30 de Novembro de 2018
http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/73/139, acedido em 30 de Novembro de 2018
https://www.globalslaveryindex.org/, acedido em 30 de Novembro de 2018
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/—dgreports/—dcomm/documents/publication/wcms_575479.pdf, acedido em 30 de Novembro de 2018