Dia Internacional contra o Fascismo e o Antissemitismo e Queda do Muro de Berlim

Por Leonor Tavares,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem

O dia 9 de Novembro é talvez dos dias mais urgentes a relembrar, tendo em conta a ascensão dos discursos de ódio que temos vivido e o surgimento de políticas que, em vez de abraçarem os Direitos Humanos, os reduzem. Nesta data devemos relembrar a que nos leva o ódio e olhar para a História. Este dia, criado pelo Parlamento Europeu tem em vista a luta contra o racismo e a xenofobia.

Foi também a 9 de Novembro, mas de 1989 que caiu o muro de Berlim. Cinquenta e um anos antes, a Alemanha vivia uma das noites mais negras do período do Holocausto, com aquela que ficou conhecida como a Noite de Cristal.

Tanto um acontecimento como o outro nos remetem para as consequências que podem existir quando escolhemos o ódio e a separação, ao invés do amor e de abrirmos os braços.

Passados cerca de 70 anos desde este período negro, precisamos de entender que no mundo globalizado em que vivemos, tendo sido criada uma ligação de interdependência entre países e pessoas, já há pouca coisa que façamos que não esteja ligada ao outro lado do mundo. Já não há barreiras para comunicarmos, as fronteiras têm uma dimensão diferente.

As lutas têm também uma outra dimensão, mais global. Bem como os discursos. Bem como a cultura. Com esta aproximação das pessoas e partilha de informação, cada vez faz menos sentido o afastamento de pares, ou ver outra pessoa como não sendo detentora da mesma dignidade que nós.

Assim, quando testemunhamos racismo, desigualdades, a supressão de direitos a determinadas comunidades, etc., devemos lembrar-nos de onde estes sentimentos e ações levaram os/as nossos/as antepassados/as.

Analisemos duas situações atuais que nos relembram a pelo menos um dos períodos da História que mencionámos:

Hungria: Novas restrições à liberdade de expressão e de reunião foram encaminhadas para aprovação no Parlamento húngaro. Leis que determinam que pode ser negado o acesso de pessoas que prestam assistência a requerentes de asilo, tal como advogados/as e organizações não-governamentais. Nasceu também a possibilidade de serem feitas acusações criminais contra pessoas e organizações para que alguns requerimentos de asilo sejam recusados. Acrescenta-se ainda a introdução de um imposto especial que tirará 25% do financiamento às ONG que as autoridades considerem que “ajudam a migração” e a introdução de uma nova lei que permitirá à polícia proibir antecipadamente manifestações pacíficas por motivos vagamente especificados.

EUA : As novas políticas anti-emigração têm vindo a desmantelar o sistema de asilo norte-americano, violando notoriamente as leis dos EUA e as Internacionais, resultando na separação de mais de 6.000 famílias em apenas quatro meses. Como se observa pelo testemunho de uma mãe quando é separada do filho, ao requerer o seu asilo no posto da entrada oficial dos EUA:

Disseram-me “Aqui não tem direitos nenhuns e não tem direito algum a ficar com o seu filho” Morri naquele instante. Seria melhor se eu caísse morta logo ali. Não saber onde estava o meu filho, o que estaria a fazer. É o pior que uma mãe pode sentir. Como é possível uma mãe não ter o direito de estar com o seu filho?”.

 Em conclusão, perante este tipo de políticas, é exigido que pensemos sobre o nosso discurso e as nossas escolhas futuras. A Amnistia Internacional quer manter a herança da queda do muro de Berlim e não mais separar pessoas. Com esta ideia em mente apelamos a que exijam ao Presidente Trump que deixe de separar famílias e de espalhar o ódio e a discriminação, assinando deste modo a seguinte petição.

 

 

Fontes

https://www.amnistia.pt/politicas-de-imigracao-catastroficas-dos-eua-resultam-em-mais-separacoes-de-familias-do-que-as-autoridades-admitiram/

https://www.amnistia.pt/lideres-europeus-tem-de-confrontar-leis-xenofobas-da-hungria/

https://anistia.org.br/entre-em-acao/email/exija-aos-eua-e-ao-presidente-trump-que-familias-nao-sejam-separadas/?fbclid=IwAR1s4Ce_mIj2eArlqLt36gR-t8PSRTCc1wxaoE9LzpaD7O7R4QDGuyPYJL0

https://www.calendarr.com/portugal/dia-internacional-contra-o-fascismo-e-o-anti-semitismo/