Deixem respirar os Direitos Humanos
Por Inês Anacleto,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem
No passado dia 8 de setembro, a ReAJ esteve presente na Marcha do Clima, em Lisboa. Marcha esta que se realizou em 95 países, exigindo e chamando à atenção para a necessidade de maior cuidado e preocupação por parte dos governos e das pessoas face ao clima e a todos os desafios que este acarreta.
Em Portugal, a marcha visava uma “transição justa e rápida para as energias renováveis” e uma oposição face aos interesses de exploração petrolífera em Aljezur e Aljubarrota.
De acordo com a constituição portuguesa, “todos/as têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”. Somos e fazemos parte de um ecossistema, onde tudo se influencia e se relaciona. Todas as partes são importantes e ativas. Falhando uma, a probabilidade de as restantes também falharem, acaba por ser maior. Tendo isto em consideração, é bom relembrar que o nosso planeta é a casa e a base de tudo. Sem um ambiente harmonioso e favorável, sem um planeta cuidado, pomos em risco, severamente, quer as pessoas quer a preservação dos seus direitos fundamentais.
Por acreditarmos nisto, decidimos sair à rua e fazermo-nos ouvir!
Marcha Mundial do Clima 2018, Lisboa
É importante perceber que os direitos humanos estão intrinsecamente ligados aos direitos ambientais, uma vez que nós próprios constituímos o ambiente. Ao defendermos uns, estamos, automaticamente, a defender os outros.
Mais importante ainda é reconhecer a urgência de toda esta matéria. Devido à gravidade e ao carácter irreversível das alterações climáticas, cada vez mais pessoas estarão em risco. O mundo encontra-se severamente fragilizado e as catástrofes naturais acabam por ser cada vez mais extremas e alarmantes, acabando por deixar um grande número de pessoas sem casa, sem condições básicas de vida e em situações de pobreza extrema. Os grupos mais vulneráveis encontrar-se-ão em circunstâncias cada vez mais difíceis, com um acesso ainda mais dificultado a ajuda e a proteção. A iminência de situação de guerra, movida pela procura de recursos naturais noutros países, é também um dos grandes fatores de preocupação.
Assim, está visto o quão alarmante é toda esta conjuntura e o quão importante e urgente é agir. É preciso não esquecer que o ser humano e o seu meio estabelecem uma relação de simbiose, expressa num andar de mãos dadas constante. Contudo, com o passar do tempo, é provável que esse aperto, esse laço, tenha sido duro e descuidado demais, acabando por prejudicar e deteriorar gravemente a harmonia de e entre ambos.

Marcha Mundial do Clima 2017, Lisboa
Por acreditarmos que ainda não é tarde, por acreditarmos na educação ambiental e em decisões mais justas e honestas, que potenciem o reflorescer de uma ligação benigna e equilibrada entre estas duas realidades, continuaremos a juntar-nos e, através da nossa voz, fazer ouvir a voz da nossa casa. É altura de a reabilitar, de a reforçar e reerguer, de a valorizar e só com as mãos de todos/as isso será possível.