Cartas pela Humanidade: Festa da Maratona de Cartas

Por Inês Anacleto,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem

 

Não que já não o soubesse, mas este dia, ou melhor, esta grande tarde, veio reforçar e solidificar a ideia de que nos podemos divertir enquanto fazemos algo de grandioso pelo mundo e ajudamos alguém. O que mais retiro do dia é mesmo esse ensinamento, de que só se melhora o mundo com boa cara, calor no olhar e muitos, muitos sorrisos.

Talvez convenha, então, clarificar que dia é este do qual tão bem falo.

Dia 16 de dezembro, a ReAJ propôs-se a reservar uma tarde e noite que fossem inclusivas, divertidas e elucidativas com o objetivo de dinamizar a célebre campanha da Maratona de Cartas, que acontece todos os anos.

Tendo lugar no espaço Crew Hassan, em Lisboa, foi possível trazer um bocadinho de tudo a esta festa, para inspirar todo o tipo de pessoas interessadas, desde os mais novos aos mais velhos.

Entrando, podíamos logo avistar a banca da Amnistia, onde, para além dos diversos produtos para venda, encontrávamos as petições e ou cartas dos respetivos casos acolhidos para podermos assinar. Começava, assim, a nossa aventura de ativistas, mostrando que podemos melhorar um dia e o mundo com a nossa simples assinatura. Fantástico!

Também no piso de cima, podíamos ver o espaço para crianças, onde, entre outras atividades, se pôde fazer pinturas faciais, criar os mais coloridos e divertidos balões e dar largas à imaginação, pintando ou desenhando.

   

Ainda neste piso, é de salientar a atividade de plantar ervinhas aromáticas, estando ligada ao caso de Clovis Razafimalala, um ativista e defensor da floresta de Madagáscar. Simbolicamente, semeando e fazendo nascer novas plantas, quer por Clovis, quer pela “sua” floresta, quer pelo bem-estar ambiental do nosso mundo, vamos plantando também a esperança, porque tudo o que é, tudo o que cresce, cresce para tudo e todos.

Descendo, encontrávamos uma sala de projeções, onde estavam a ser apresentados vídeos que explicavam, aos interessados, os 5 casos abraçados para esta campanha.

Noutra sala, a que mais pessoas reuniu, tínhamos petições e cartas do caso de Sakris Kupila para serem assinadas, onde membros da ReAJ estariam para explanar mais detalhes ou responder a questões das pessoas sobre este mesmo caso.

Seguidamente, encontrávamos uma atividade muito educativa, ligada ao caso de Shackelia Jackson, sobre a violência policial, vivida em todo o globo. Nesta, tínhamos um mapa mundo, com alguns países destacados a cores, cartões quer com “crimes” cometidos, quer com a resposta policial a esses mesmos. O objetivo era, então, que a(s) pessoa(s) tentasse(m) ligar os diferentes cartões, ou seja, encontrar a resposta policial que correspondesse ao crime e posicioná-la no país em que isso se tivesse verificado. Pode parecer um pouco complicado, mas o importante é chegarmos ao fim percebendo o quão injusta e exagerada e descabida é, infelizmente, muitas vezes, a ação policial.

   

Outra atividade foi a “Restart Your Speech”, ligada ao caso da Turquia, onde podíamos reescrever e recriar frases de ódio, ditas por políticos ou pessoas de autoridade reconhecidas. Assim, com a magia das palavras, da tolerância, empatia e bondade, tínhamos a possibilidade de mostrar que as nossas ideias, por meros cidadãos que fôssemos, podem ser mais ricas e trazer maior alegria e amor ao mundo, do que aquelas de quem nos é, hierarquicamente, superior. Para além disso, mostra-nos que, por muito que haja pessoas com sentimentos e pensamentos retrógrados e insensíveis, há também uma imensidão de pessoas que traz a mansidão nas mãos e nas palavras que escreve e escolhe expressar. A esperança desponta em mais lugares do que podemos sequer imaginar!

   

Ainda presente na mesma sala, também tínhamos a atividade relativa aos ativistas palestinianos Farid Al-Atrash e Issa Amro, onde tínhamos afixada uma cronologia e, com a ajuda de um membro da ReAJ, situávamos certos acontecimentos estruturantes referentes à situação de Israel e Palestina. Desta maneira, podíamos aprender mais sobre um dos assuntos que tanto marcam a sociedade atual e perceber os seus avanços ao longo do tempo.

Para além destas atividades, é de notar que nos podíamos divertir a jogar ping pong, a travar conhecimento com as duas artistas presentes, a Margarida Conceição e a Ana Mouralinho, ou a simplesmente desfrutar de um chá, na companhia de pessoas tão carismáticas e inspiradoras.

   

Pela noite, contámos com a presença de Poetry Slam, tendo declamações sobre os casos acolhidos, sobre os direitos humanos ou, simplesmente, sobre a coragem de agir, pensar e fazer diferente! Um momento super inspirador!

A seguir, para descomprimir, a noite acabou com a presença de um DJ.

Foi, sem dúvida, um dia completo, com a possibilidade de aprendermos, de nos divertirmos, de nos inspirarmos, de agirmos e, principalmente, de tornarmos o mundo um bocadinho mais cheio e feliz!