Não é fácil compreender a situação Israelo-Palestiniana
Por Ana Faro,
Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem
No dia 16 de Março de 2018, no Instituto Universitário de Lisboa, tivemos a oportunidade de saber mais e conversar sobre este conflito, num evento que juntou antropologia e direitos humanos. Em conjunto com o Núcleo de Estudantes de Antropologia do ISCTE-IUL, organizámos uma sessão de cinema com a projeção do documentário 5 Broken Cameras, de Emad Burnat e Guy Davidi, seguido de uma conversa com o professor e antropólogo Miguel Vale de Almeida.
O filme resultou de uma série de imagens filmadas por Emad Burnat ao longo de seis anos, em Bil’il, à medida que o exército israelita constrói uma barreira que separa a vila palestiniana de um colonato judeu. Durante este período, vemos os protestos pacíficos que vão sendo feitos pela população da aldeia contra a ocupação do terreno em seu redor; as reações violentas por parte dos militares; mas também o crescimento do filho de Emad, que dá os seus primeiros passos na mesma altura que o exército chega. O título 5 broken cameras refere-se às cinco câmaras que o realizador utilizou para filmar ao longo de seis anos, e que durante os protestos foram quebradas ou destruídas pelos militares. As imagens que vemos no documentário sensibilizaram todos os presentes na sessão de cinema. Afinal de contas, é um testemunho real daquilo que se passa na Faixa de Gaza.
A conversa pós-filme decorreu num ambiente informal e acolhedor. Miguel Vale de Almeida lecionou na Universidade Hebraica de Jerusalém. Além de toda a conversa e debate sobre o conflito israelo-palestiniano (na história e atualmente), tivemos a oportunidade de conhecer o percurso de Vale de Almeida para chegar a Israel. Percebemos também que não há só políticas que defendam um ou outro lado do conflito, há também aquelas que defendem a união dos dois – numa espécie de Estado Federal.
O objetivo não foi atribuir quem são os bons e quem são os maus no conflito, ainda que o filme demonstre um ponto de vista palestiniano. Foi sim sensibilizar sobre as violações de direitos humanos nesta região – nomeadamente, o abuso de autoridade por parte do exército e a condenação de menores de idade por pequenos delitos. Por isso mesmo, o caso abordado por parte da ReAJ foi o de Ahed Tamimi, de 16 anos, condenada a 8 meses de prisão pelos tribunais israelitas, por ter “agredido” militares depois de ter visto o seu primo Mohammed, de 14 anos, a ser baleado numa manifestação pacífica.
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Os problemas estruturais da situação Israel/Palestina levam a segregações étnicas, violações de direitos humanos e conflitos políticos. Ainda que todos nós saibamos que se passa algo, a maioria da população não está preocupada ou atenta ao que é. Esta sessão de cinema, graças ao documentário apresentado e ao contributo de Miguel Vale de Almeida, conseguiu que pelo menos a maioria dos presentes tivesse ficado sensibilizado com a situação. No final, depois da sessão ter terminado e Vale de Almeida já ter ido embora, ainda se encontrava um grupo de estudantes a discutir a questão, e a contar as cenas que mais os emocionaram no filme.