25 de Abril, dia da Liberdade

Por Beatriz Mestre

Ativista da ReAJ – Rede de Ação Jovem

 

[…]

Trocaram tudo em maldade,

é quase um crime viver.

Mas, embora escondam tudo

e me queiram cego e mudo,

não hei de morrer sem saber

qual a cor da liberdade.

 

Jorge de Sena    

(1919-1978) 

 

Assinalam-se hoje 48 anos da queda da ditadura salazarista em Portugal. Pela primeira vez, estamos há mais tempo nas mãos da Liberdade do que debaixo da bota suja da ditadura.

Celebramos, hoje e sempre, aqueles que lutaram dia e noite, todos os dias, para que pudéssemos sair das amarras da censura, da perseguição, do fascismo. Para que fosse, finalmente, possível respirar fundo em Portugal. A eles, o nosso eterno agradecimento e dívida eterna.

Mas Abril não está cumprido ainda. Não nos podemos deixar iludir pelos inimigos que andam aí de cravo ao peito enquanto nos querem silenciar. Enquanto querem silenciar Abril.

Enquanto houver, neste país, minorias perseguidas e reprimidas, atacadas, violentadas, agredidas, maltratadas, Abril não está cumprido. Está nas nossas mãos terminar aquilo que foi começado naquela madrugada fria de 1974, com a mesma coragem, a mesma garra, a mesma vontade de justiça e igualdade.

A Revolução ainda está a acontecer, o povo continua na rua e nós continuamos sempre com ele.

Abril é do povo, com o o povo, para o povo. A nossa missão continuará a ser a mesma: lutar pelos Direitos Humanos, um pouco por todo o mundo, para que Abril se cumpra em todos os cantos e mais ninguém sofra às mãos de poderes repressivos e ditatoriais, às mãos da censura e do lápis azul de quem nos quer mortos e/ou calados.

Por nem mais um preso político, nem mais um assassinato arbitrário, nem mais um jornal deitado ao lixo, nem mais um pedaço de fita na boca do povo.

Nem mais um.

Nunca mais.

O nosso sonho de liberdade, igualdade e justiça só morre quando Abril morrer; e Abril não morre.

Aqui continuaremos sempre, a honrar a memória dos Capitães e dos anónimos que carregaram o andor da Liberdade aos ombros e nos levaram a bom porto, depois de quase 50 anos enterrados na penumbra. É por eles também.

Não seremos calados.

Não seremos oprimidos.

Não seremos censurados.

Lutamos pela imprensa livre, pelos Direitos Humanos, pela devolução da humanidade à Humanidade. Nascemos de um sonho e de um ideal. Somos por Todos.

 

 

O povo é quem mais ordena.

 

 

 

A ReAJ – Rede de Ação Jovem da Amnistia Internacional deseja a todos um feliz 25 de Abril. FASCISMO NUNCA MAIS!