O recreio dos meninos maus

Assédio moral ou mobbing traduz-se num comportamento indesejado (gesto, palavra, atitude, etc.) praticado com algum grau de reiteração e tendo como objetivo ou o efeito de afetar a dignidade da pessoa ou criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador no local de trabalho.

A incompreensão e insensibilidade das situações de assédio moral em ambientes profissionais assemelham-se aos episódios dos recreios de escola em que os meninos maus exercem de forma hostil os seus papéis de superioridade contra os mais vulneráveis.

João, homem de trinta e poucos anos, ar frágil, postura tranquila e aparentemente permeável às adversidades do meio onde se encontrava, serenamente faz o seu trabalho, dentro de uma equipa que pouco se identifica com ele…

O assédio moral no trabalho contra o João é desencadeado pelos colegas de equipa com a conivência da chefe, juntos dedicavam-se diariamente a infernizar as suas horas de trabalho.

No dia-a-dia no departamento dominavam os risos, provocações e insinuações à inteligência e desempenho profissional do João, assim como, à sua aparência física.

A palavra “João” era utilizada pelos meninos maus do recreio como sinónimo de “lentidão”, ”burrice”. Era até costume ouvir-se “Hoje estás mesmo João!“, que era o mesmo que dizer que naquele dia a pessoa estava a ser pouco astuta.

Aparentemente, o João era indiferente a todo o assédio exercido sobre ele, mas será provável que no seu silêncio e passividade se escondessem danos emocionais e psicológicos inqualificáveis.

E à conta de quê?

Da espontânea recreação dos meninos maus do recreio…

Ana, sempre apresentou no seu percurso profissional uma panóplia de episódios de assédio moral.

Sabia que a última mudança de departamento foi mais uma “jogada” no jogo dos meninos maus do recreio.

Ela sabia que esta nova mudança de departamento consistia em mais uma tentativa de a destabilizar, entristecer e desmotivar. Assim, Ana esforçou-se por encarar a nova mudança como mais um desafio, e até se saiu muito bem, não desanimando. Mais difícil foi compreender quando sucedeu a atualização de ordenados na empresa que beneficiou todos os trabalhadores, menos a ela. Os meninos maus queriam efetivamente atingir moralmente a Ana.

Assim, decidiram mudá-la novamente de departamento. Foi então que Ana ganhou coragem e decidiu ir falar com o líder do grupo dos meninos maus do recreio. Ela queria entender o porquê de uma nova mudança, explicar o quanto se sentia feliz onde estava, com quem estava e das suas atuais funções. Mas o líder do grupo dos meninos maus do recreio respondeu-lhe firmemente: “Não entendo que um trabalhador tenha de ser feliz no local de trabalho, mas sim, que seja dinâmico e proactivo”.

Nesse dia, Ana percebeu inequivocamente que no seu local de trabalho para além de não se importarem com o seu bem-estar, a felicidade dela não era relevante nem tida em consideração.

 

Mas quem são afinal os meninos maus do recreio?

Somos todos nós! Podemos todos ser meninos bons ou maus. Para sermos dos bons, basta escolher o lado certo no jogo da convivência com os demais em sociedade, pautando os nossos comportamentos, independentemente dos papéis exercidos, sob a orientação dos valores da tolerância, respeito e humanidade.

Inspiremos-mos todos a ser BRAVE e denunciar as situações de assédio moral, não só quando somos nós as vítimas, mas igualmente se assistirmos a situações de mobbing, reagindo, nomeadamente denunciando através da ACT-Autoridade para as Condições de Trabalho.

 

 

No dia 8 de novembro juntamo-nos para perceber o problema e chegar a soluções! Juntem-se a nós: 8 de novembro, 18h, Universidade Lusófona (Lisboa) Auditório S 0.9.

Evento: http://bit.ly/STOPMobbing