LIBERDADE PARA CHOW HANG-TUNG (鄒幸彤)

Chow Hang-tung é uma advogada de direitos humanos e dos direitos laborais na China que foi acusada de “incitamento à subversão”, a 9 de Setembro de 2021, ao abrigo da nova Lei de Segurança Nacional. Neste momento,  arrisca-se a ser condenada a uma pena de 10 anos de prisão. Quando foi acusada era a vice-presidente da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos Patrióticos da China (a Aliança) que organizava, desde 1990, a vigília anual para relembrar o massacre de Tiananmen de 1989. 

Chow Hang-tung limitou-se a exercer, por meios pacíficos, o seu direito à liberdade de expressão pelo que as acusações de que é alvo devem ser retiradas e ela deve ser libertada imediatamente.

 

O MASSACRE DE TIANANMEN

Em abril de 1989, vários estudantes universitários de Pequim reuniram-se pacificamente para lamentar a morte do antigo dirigente do Partido Comunista Hu Yaobang, exigindo também o fim da corrupção por parte dos funcionários do partido e várias reformas políticas e económicas. Estas reivindicações rapidamente atraíram apoio público, desencadeando manifestações pacíficas por toda a China, nomeadamente a ocupação pacífica da Praça da Paz Celestial (ou de Tiananmen). Ao longo dos dias seguintes autoridades não conseguiram persuadir os manifestantes a voltar para casa e, a 20 de maio de 1989, instauraram a lei marcial.

Na noite de 3 de junho de 1989, tropas fortemente armadas e centenas de veículos blindados entram na Praça da Paz Celestial com o objetivo de a “limpar” destes manifestantes. Muita gente, incluindo crianças e idosos, foi morta a tiro pelas tropas ou esmagada por veículos blindados nas estradas que conduzem à praça.

Um relatório oficial emitido pelas autoridades chinesas no final de junho de 1989 afirma que “mais de 3.000 civis tinham sido feridos e mais de 200, incluindo 36 estudantes universitários, morreram durante o motim”. Porém, os números serão, provavelmente, muito mais elevados.

Imediatamente após esta repressão militar ter tido lugar, as autoridades chinesas procuraram outros envolvidos nestes protestos. Milhares foram detidos, torturados ou presos, após julgamentos injustos e acusados de crimes “contra- revolucionários”, chegando a ser condenados a longas penas de prisão. Outros chegaram mesmo a ser executados.

 

O QUE ESTÁ A ACONTECER AGORA NA CHINA?

Passaram 33 anos desde o massacre da Praça de Tiananmen e o governo chinês ainda não reconheceu que os protestos de 1989 tenham sido legítimos, continuando a alegar que foram um “motim contra – revolucionário”.

Durante muitos anos os familiares das vítimas esconderam a sua condição para evitar as perseguições de que eram alvo. Contudo, um grupo de mães (e pais) das vítimas constituíram um grupo designado por “Mães de Tiananmen, chefiado por Ding Zilin e pelo marido Jian Peikun, cujo jovem filho Jian Jielian, foi baleado no coração durante a noite de 3 de junho de 1989. O grupo foi alvo de perseguições várias apenas por exigir justiça para as vítimas do massacre. Jian Peikun morreu em 2015, sem que fosse feita justiça, o mesmo tendo acontecido a vários elementos deste grupo.

Ao longo dos anos, muitos ativistas na China continuaram a ser presos por tentarem homenagear as vítimas de Tiananmen.

Agora que se aproxima o 33º aniversário de Tiananmen, as famílias das vítimas ainda não viram ser feita justiça. Mais, vários ativistas em Hong Kong também estão a ser detidos e julgados por atividades pacíficas de comemoração. Uma destas ativistas é Chow Hang-tung, advogada de direitos humanos que organizava, desde 1990, a vigília anual para relembrar o massacre de Tiananmen.

 

Juntem o vosso nome a este apelo dirigido à Secretária da Justiça em Hong Kong, Teresa Cheng, em defesa da liberdade imediata de Chow Hang-tung.