Voluntariado na Amnistia Internacional

Por Miguel Ferreira,

Membro da Direção da AI-PT

 

Para mim, acima de tudo, ser voluntário na Amnistia Internacional é recusar o conforto de não querer fazer nada e, portanto, assumir um papel interventivo, por mim, mas acima de tudo, pelos/as outros/as.

Foi esse o meu compromisso quando, há cinco anos, entrei para uma estrutura local da Amnistia Internacional Portugal, o Grupo local 35/Coimbra, querer mudar o verbo, do falar para o agir e em nenhum momento me arrependi desta decisão. Se a princípio me questionei de que forma poderia ajudar a mudar o mundo, hoje sei que a mudança está mesmo nas nossas mãos. Muitas vezes intervindo na vida de pessoas que vêem os seus direitos violados, outras vezes participando em actos simbólicos, não esquecendo que em muitas situações o simbólico tem a capacidade de influenciar o material.

A título de exemplo, não posso deixar de referir o caso do jovem Moses Akatugba, preso aos 16 anos na Nigéria, por supostamente ter furtado três telemóveis, condenado à morte por alegadamente ter cometido este crime. Lembro-me de falar com amigos, de participar em acções em escolas, de ir para a rua pedir a quem passava que assinasse a petição a pedir a sua libertação, e todos/as juntos/as conseguimos, conseguimos que ele fosse libertado e foi muito especial, dois anos depois ter a oportunidade de conhecer o Moses e ouvir o seu obrigado pelo trabalho de todos/as os/as voluntários/as da Amnistia Internacional, como ele disse, os verdadeiros heróis desta história éramos nós, activistas, e não ele. Dois anos antes contava aquela história, e, de repente, ali estava eu, a jantar com uma pessoa que ajudei a salvar do corredor da morte.

Mas o meu voluntariado na Amnistia Internacional não ficou por aqui, pois a nossa organização estimula-nos a participar na sua vida, desafia-nos, e por isso entrei noutra aventura nesta minha experiência de voluntariado. Hoje faço parte da Direcção da Amnistia Internacional Portugal e os desafios são outros, não sei se maiores, mas diferentes. Definir a visão estratégica da nossa secção é a principal função da Direcção: é preciso pensar como vamos agir, como vamos ter impacto, como vamos, efectivamente, ter uma voz activa pela defesa dos Direitos Humanos e é este o meu desafio actual, com o mesmo comprometimento que tinha quando pedia assinaturas na rua, com a mesma convicção que tinha quando fazia uma acção de rua, pois o mote é o mesmo, tornar a injustiça como algo pessoal.

De todas as recompensas que o voluntariado na Amnistia Internacional traz, não podia deixar de referir, também, as amizades, que levo para a vida, e o privilégio de conhecer pessoas incansáveis nesta luta diária, pessoas extraordinárias, que enfrentam situações que muitas vezes ignoramos, por esta nossa visão: a de um mundo onde todas e todos gozem dos seus direitos, afinal, os direitos humanos começam, em primeiro lugar, em cada um/a de nós.

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Hoje apelamos a que comeces o teu ativismo pelos Direitos Humanos. Não interessa como te sentes melhor a fazê-lo: há várias formas de ajudar e agir, e algumas são tão rápidas como fazer alguns cliques.

Neste Dia Internacional do Voluntariado, 5 de dezembro, lembra-te que pequenas ações para ti podem mudar a vida de alguém.

Gostarias de saber mais sobre as várias formas de voluntariado na AI-PT? Contacta-nos!